Polimicrogiria
Polimicrogiria é uma
malformação da organização cortical que se caracteriza por múltiplos pequenos
giros separados por espessos e rasos sulcos. O objetivo do presente estudo
foi descrever as manifestações clínicas e eletroencefalográficas de pacientes
com polimicrogiria, que têm epilepsia e/ou distúrbio específico de linguagem e
dos familares dos pacientes com distúrbio específico de linguagem,
correlacionando-os com a neuroimagem. Os pacientes foram submetidos a exame
clínico e neurológico, com particular atenção aos sinais pseudobulbares, e
realizaram eletroencefalograma de rotina com até 4 horas de duração. Quando
possível, foram submetidos a vídeo-monitorização. Os dados de neuroimagem foram
classificados em: polimicrogiria perisylviana (subdividida em holosylviana,
parietal posterior bilateral, generalizada), polimicrogiria hemisférica e
polimicrogiria frontal (TEIXEIRA, 2006).
Achados eletroencefalográficos:
Categorizados em:
- normal;
- anormal com atividade epileptiforme;
- anormal com atividade não
epileptiforme;
- anormal com atividade
epileptiforme e não epileptiforme;
- anormal com estado de mal
elétrico (EME);
- anormal com atividade
epileptiforme contínua e quanto à presença ou não de ativação da atividade
epileptiforme pelo sono.
Foram estudados 40 pacientes: 16 pacientes com
polimicrogiria holosylviana, 14 com polimicrogiria parietal posterior, quatro
com polimicrogiria generalizada, três com polimicrogiria hemisférica e três com
polimicrogiria frontal. Observou-se nos pacientes com polimicrogiria holosylviana:
sinais pseudobulbares em 11, hemiparesia em seis sendo um paciente com dupla
hemiparesia. Três possuíam deficiência mental e cinco tinham epilepsia. O
eletroencefalograma estava alterado em oito pacientes e atividade epileptiforme
foi registrada em seis, sendo que em dois foi registrada atividade
epileptiforme contínua focal. Entre os pacientes com polimicrogiria parietal
posterior bilateral, cinco apresentavam sinais pseudobulbares e um possuía
hemiparesia. Nenhum tinha alteração cognitiva ou epilepsia. Apenas um paciente
apresentou ao eletroencefalograma atividade epileptiforme focal. Todos os pacientes com polimicrogiria
generalizada tinham sinal pseudobulbar, deficiência mental e epilepsia. O
quadro motor estava presente em três pacientes e apenas um deles não
apresentava atividade epileptiforme no eletroencefalograma. Entre os pacientes
com polimicrogiria hemisférica, todos apresentavam sinal pseudobulbar e
hemiparesia, dois pacientes tinham deficiência mental e epilepsia, e um
paciente atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. Nos registros
eletroencefalográficos, dois pacientes apresentaram EME focal. Os pacientes com
polimicrogiria frontal não possuíam sinal pseudobulbar e em um único paciente
foi detectada hemiparesia. Epilepsia estava presente em dois pacientes. No
registro eletroencefalográfico, dois exames apresentaram anormalidades
não-epileptiformes. Com os dados acima descritos foi possível observar que: os
sinais pseudobulbares foram mais freqüentes em pacientes com idade menor ou
igual a 15 anos; atividade epileptiforme e lentificação da atividade de base
teve associação com epilepsia e alteração cognitiva e o distúrbio específico de
linguagem apresentou uma relação inversa com estes achados
eletroencefalográficos; a maioria dos nossos pacientes apresentou exame
eletroencefalográfico normal; na polimicrogiria holosylviana, as atividades
epileptiformes predominaram na região fronto-temporal e as atividades não
epileptiformes predominaram na região fronto-centro-temporal; EME ocorreu em
polimicrogiria hemisférica e atividade epileptiforme contínua focal ocorreu em
polimicrogiria holosylviana bilateral assimétrica com provável displasia
cortical associada; a ativação da atividade epileptiforme pelo sono foi um
achado freqüente em nossa casuística; existe correlação direta entre as
manifestações clínicas e anormalidades eletroencefalográficas e extensão do
córtex polimicrogírico (TEIXEIRA, 2006).
Referências: TEIXEIRA, K.C.S. Clinical and electroencephalographic features of patients with polymicrogyria. Universidade Estadual de Campinas, Campinas -SP, 2006.
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